segunda-feira, 31 de maio de 2010

Quanto vale o homem? (5)

Alguém pensou

"Choramos ao nascer porque chegamos a este imenso cenário de dementes"

William Shakespeare

Quanto vale o homem? (4)

Quanto vale o homem? (3)

Quanto vale o homem? (2)

Quanto vale o homem?


Em um ato brutal, o exército de Israel decide abrir fogo contra as embarcações da ONG Free Gaza que levava itens básicos de uso humano (alimentos, remédios e material escolar) para Gaza. Mais uma vez Israel passa dos limites e nos mostra como o homem é capaz de se desumanizar e se tornar uma besta irracional e sanguinária.
15 mortos e uma ação humanitária interrompida por um massacre.
Quer saber quanto vale o homem? O preço de uma bala.
É inaceitável que isso ocorra: não faz parte do mundo onde eu quero viver. E do seu?

Previsão do Tempo

sábado, 29 de maio de 2010

O Perdão Cristão


"Felizes os que são misericordiosos, porque encontrarão misericórdia" - (Mateus, Cp 5 v.7).

"Se perdoardes aos homens as faltas que eles fazem contra vós, vosso Pai celestial vos perdoará também vossos pecados, mas se não perdoardes aos homens quando eles vos ofendem, vosso Pai, também, não vos perdoará os pecados" - (Mateus, Cp6, v. 14-15)

"Pedro aproximou-se de Jesus, e perguntou: 'Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?' Jesus respondeu: 'Não lhe digo que até sete vezes, mas setenta vezes sete" - (Mateus, Cp 18 - v. 21-22)

Essa três passagens do Evangelho de Mateus nos dizem quais são os fundamentos do perdão segundo a Bíblia. Para resumir seria dizer: "Perdoai para que Deus vos perdoe". Nesse sentido, eu só obtenho o perdão de Deus se eu for capaz de perdoar os crimes contra mim cometidos. E mais, Mateus nos fala de misericórdia e, sempre que essa palavra aparece em seu texto, ela se refere 1) ao Perdão das ofensas e 2) ao Esquecimento;

O texto bíblico nos fala, ainda, que o esquecimento das ofensas é próprio de uma alma elevada, que está acima dos insultos que possa receber; que a misericórdia deve ser ilimitada e que só tem o direito de reclamá-la aquele que age com misericórdia.

Nesse sentido, Deus é incapaz de perdoar em dois casos: 1) pelo mal que uma pessoa eventualmente tenha feito sem se arrepender; 2) uma pessoa que tenha faltado com indulgência e caridade, não perdoando aqueles que lhe tenham feito mal.

Existem, na Bíblia, duas formas de 'perdão': 1) o verdadeiramente generoso, que poupa com delicadeza; 2) aquele que impõe condições e faz sentir o peso de um perdão que irrita, em lugar de acalmar. Para Deus, o perdão válido seria somente o primeiro, já que o segundo cria mais ódio e desaconchego.

Minhas discordâncias com esse tipo de perdão aparecem de diversas formas:

1) O 'Perdoar para ser perdoado' cria um mal-estar de consciência que força o perdão por receio, e qualquer tipo de perdão forçado não é verdadeiramente perdão, pois este deve ser espontâneo e autêntico, sem qualquer força externa que o obrigue. Quando penso que só serei perdoado e, à partir daí, merecedor do Paraíso se eu perdoar, o perdão se torna uma obrigação quando na verdade não o é. O medo da condenação de Deus e da ida para o Inferno aparecem como as verdadeiras causas desse sentimento, que deixaria de se vincular ao amor e se vincularia ao medo;

2) A misericórdia, necessária àqueles que pretendem o Paraíso, seria uma união de sentindo do que entendemos por perdão e por esquecimento. Mas se uma situação está perdoada, por que devo esquecê-la? Se o perdão desliga o passado sem aniquilá-lo, pondo um fim ao mal-estar, à raiva e ao ressentimento, lembrar dessa situação não causará discórdia, pois, se isso acontecer, não terá ocorrido verdadeiramente o perdão. Além disso, o esquecimento impede a memória e a identidade. Devemos nos lembrar que situações ruins e situações boas são igualmente importantes na construção de nossa personalidade e de nosso 'espírito' (entendam essa palavra como preferirem). Desse modo, esquecendo as más lembranças estaremos apagando também parte importante do nosso caráter.

3) Se ser misericordioso significa ser uma alma elevada, temos aqui construído uma hierarquia entre almas: a elevada e a não-elevada; a que perdoa e a que não perdoa. Temo a achar que isso criaria um condicionalismo: só serei capaz de perdoar se eu for uma alma elevada e serei incapaz de perdoar se eu for uma alma não-elevada. Me parece que nesse caso, já nascemos predestinados a ser "perdoadores" e "não-perdoadores". Por outro lado, o quão seria elevado o meu ato de perdoar se eu o fizer temendo ser punido por Deus?

4) Se para Deus o único perdão válido é aquele "verdadeiramente generoso", Ele pressupõe incondicionalismo em toda forma de perdão verdadeiro. Isso é interessante e intrigante ao mesmo que é contraditório, pois se Deus só é capaz de perdoar aqueles que haviam perdoado, não teria Ele mesmo uma forma de perdão condicional? Nesse sentido, só consigo pensar no "faça como eu digo, mas não faça o que eu faço". Estranho, né? Pois se Deus fosse passível de julgamento sob as leis que ele teria criado e nos transmitido através da Bíblia, Ele não seria perdoado.

A situação é estranha, mas gostaria de ressaltar o fato de eu não ser ateu, mas muito pelo contrário. Só acho que o credo cego se torna estupidez. Por outro lado, não acho que todos devam concordar comigo ou achar minhas críticas racionais, mas acho que o debate é sempre válido e que não devemos tomar as coisas como dadas, pois nesse caso se criam dogmas e estes já serviram para que muitos horrores acontecessem.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

A Queda do Muro, o fim de uma geração, o começo de outra


depois de assistir "Utopia e Barbárie" estou num momento de reavaliação do nosso passado recente. A Queda do Muro de Berlim, em 1989, retrata bem essa fase e também o que está se passando comigo: desmoronamento de ilusões e libertação do pensamento. Pretendo desenvolver.

Filosofia Chinesa Clássica - Mêncio, Hsün-tzu, Mozi, o taoísmo e a escola jurídica

Para Mêncio, a humanidade identifica-se com simpatia e compaixão. “Não podemos ver, sem nos comovermos, uma criança cair em uma fonte”. O homem é, por conseqüência, naturalmente bom e as circunstâncias o pervertem. O órgão responsável pela consciência do que é bom é o coração. Pode-se destruir esse órgão quando se exerce violência sobre ele, mostrando a influência do taoísmo na filosofia de Mêncio.
Segundo esse filósofo, não basta que o príncipe possua todas as qualidades externas que um príncipe deve ter, é preciso ser virtuoso, governar os súditos com compaixão.
Politicamente, Mêncio diferencia-se de Confúcio. Para aquele, a soberania sobre tudo o que há debaixo do Céu compete ao Rei, o filho do Céu. Na época de Mêncio, alguns vassalos chegaram a usurpar o título de rei e aspiravam à realeza. Em princípio, não há rejeição desse filósofo para esse tipo de política, mas há um esforço para elevar a um nível ético. O filho do Céu tinha perdido sua significação real e encontrava-se em pleno curso a luta entre os diferentes estados pela soberania.
Profundamente conservador por natureza e convencido do grande valor do ritual, Hsün-tzu não se alheia das idéias da sua época, embora as combata. Para ele, as instituições criadas pelos sábios antigos eram tão válidas em seu tempo quanto haviam sido no passado.
Acreditava que um homem abandonado a si próprio não gera nada de positivo, pois a natureza humana é má; o bem, por sua vez, só é possível mediante aprendizado. Mas Hsün-tzu não é pessimista, pois crê na possibilidade de aperfeiçoamento humano.
Para Mêncio, devido à sua confiança na índole naturalmente boa do homem, não podia a educação ter o mesmo valor que tinha em Hsün-tzu. Entretanto, a crença na possibilidade de aperfeiçoamento não significa que esse filósofo creia numa espécie de progresso. Pelo contrário, o homem perfeito realiza apenas a harmonia que, num universo estático, subsiste já em essência, mas que é perturbado pelos desejos humanos.
Para Hsün-tzu, o conhecimento racional, em si mesmo, sem juízo moral, não tem valor algum. Apenas o homem ético é capaz de compreender a diferença entre o bem e o mal. O vínculo entre o conhecimento intelectual e a realização ética transforma a aprendizagem, no seio do confucionismo, em tarefa especialmente difícil.
A escola de Mozi, assim como a de Confúcio, também influenciou muito o modo de pensar chinês. Ela pregava o “amor universal do homem”, uma amor que não se limitava aos laços familiares, tribais ou de clãs, mas destinava-se a todos, protestando contra as diferenças sociais que existiam. Mozi opunha-se à manutenção das instituições rituais, pois acreditava que elas condicionavam as diferenças existentes e eram nocivas ao povo. Segundo sua teoria, se alguém ama os outros, é reciprocamente amado, de modo que não tem motivos para temer qualquer ato ofensivo vindo das pessoas amadas.
O taoísmo, por sua vez, tem como conceito principal o Tao: o caminho que a natureza segue, a alternância das estações, o florescer e o declinar, a vida e a morte. A concepção de mundo taoísta é dinâmica: a única lei que existe é a de que nada permanece igual, tudo está em constante mudança.
Na filosofia taoísta, qualquer estado em que se encontra uma coisa é apenas um estado temporal que se transformará no oposto. Ser e não ser, apogeu e declínio, vida e morte permutam-se constantemente. A única certeza é a própria alterabilidade e, por isso, buscamos atingir a unidade com esse único, que é inalterável dentro da lei da mutabilidade, o caminho pelo qual tudo passa: o Tao.
No Tao nada é desejado, nada é forçado: a unidade com ele só é alcançada quando nos abstemos de todo o esforço consciente para a perfeição. Chama-se a isso “não agir conscientemente”. Nesse contexto, todo agir consciente, relativo a qualquer fim é, portanto, errado.
A virtude, compreendida no sentido taoísta, é puramente vital e moralmente indiferente. Bom e mau não são conceitos reais. O melhor será não amar e nem odiar, mas submeter-se ao destino, em atitude indiferente, consciente de que à felicidade se segue a infelicidade e à infelicidade a felicidade.
A conseqüência do não agir consciente, aplicado ao Estado, é a abstenção dos problemas governativos. O povo deve ser mantido num estado de estupidez, distante da cultura, enquanto o príncipe renuncia a qualquer tentação de alargar o seu estado pela força das armas, é pacifista.
A última grande escola do pensamento chinês clássico, a escola jurídica, não é nada utópica, surgida dos movimentos políticos conducentes à organização do estado unitário chinês, já que a doutrina estatal confuciana não era utilizável para as necessidades de um estado cada vez maior e ambicioso, encontraram na lei o princípio de unificação para o estado que ambicionava um alargamento de poder.
Segundo o legismo, a lei deve ser dada a conhecer para que cada um possa se orientar a partir dela. Deve ser rigorosa, a fim de possuir uma eficácia intimidante. Todo o poder deve se concentrar na mão do príncipe; qualquer forma de poder emanado do povo deve ser anulada. Estado e povo tornam-se conceitos opostos. O Estado deve tornar-se rico e poderoso, enquanto o povo deve ser pobre e fraco, mantendo-se completamente dependente do Estado, por meio de um sistema legal de punições e recompensas. Só o medo pode impedir os homens de transgredir as leis e assim a virtude tem a sua origem no medo de ser castigado. Essa virtude consiste apenas na obediência às leis. A moralidade é considerada parasitária: só a ingenuidade e a ignorância são boas para o povo.
As leis têm que ser de tal modo formuladas que seja possível um bom governo constituído por funcionários medíocres, dirigidos a homens que por natureza tendem para o mal; o elemento humano exclui-se tanto quanto possível.

É Proibido Fumar

Filosofia Chinesa Clássica - Confúcio


Confúcio se considerava um reformador social conservador. Não pretendia fundar religiões. Aceitava os costumes religiosos existentes em seu tempo, mas parece ter evitado discutir os fundamentos da religião. Era grande inimigo das modificações hierárquicas da sociedade, pois achava que essas alterações eram retrocessos. Como meio de salvação propunha a restauração do estado de coisas em que se encontravam rigorosamente prescritos os deveres e direitos dos estratos sociais. A isto ele chamava de “a posição justa dos nomes”, ou seja, ele acreditava que deve haver uma correspondência entre a posição que um indivíduo ocupa e a atitude que ele toma. Quando o status de cada qual é o que deve ser e cada designação concorda com o respectivo conteúdo, domina o “nexo justo” entre o elevado e o baixo, o superior e o inferior e está garantido um bom governo.
O pleno desenvolvimento da virtude torna possível a quem quer que seja o cumprimento da ordem ética e natural. É por isso que o príncipe tem que se preocupar em exercer sua virtude, agindo sobre os outros graças às propriedades místico-mágicas. Com o passar do tempo, essa virtude mítico-mágica torna-se um virtude de sentido ético.
A grandeza de Confúcio reside em ter proposto, pela primeira vez, uma exigência ética que humanizava as relações humanas, pois, segundo seus ensinamentos, a concessão ao povo o que lhe pertence e o tratamento dos outros como aquele que se desejaria para si são necessárias ao equilíbrio natural, o que, de certa maneira, impõe limites ao poder e, principalmente, ao despotismo.
Diz Confúcio que as formas mais especiais de virtude são a fidelidade e o dever filial. No Estado, o dever filial era o vínculo do vassalo com seu senhor, ao passo que na família, o dever filial representa a submissão do mais novo ao mais velho e, principalmente, do filho ao pai (com o alargamento da cultura chinesa para sociedades de organização matriarcal, estendeu-se a designação também aos deveres relativos à mãe). No dever filial reside uma poderosa força educativa, uma disciplina de grupo e um conceito moral do mais alto valor: a vinculação aos antepassados.
Confúcio não se dirigiu às massas. Sua mensagem era válida para a classe dominante. O seu ideal era o nobre, ou, preferencialmente, o príncipe, aquele que detém um ideal ético.
Dois grandes filósofos continuaram o trabalho de Confúcio: Mêncio e Hsun-Tzu.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Estabilidade Energética

Filosofia Chinesa Clássica - Introdução


O Pensamento Ocidental está acostumado a investigar causas, de modo que o pensador contrapõe-se ao objeto que investiga: não se sente em unidade com ele. No Pensamento Chinês, o papel central está nas questões práticas, de modo que o homem é encarado como parte integrante e inseparável do mundo: não se trata de dominar a natureza mediante o conhecimento das suas conexões casuais, mas de uma concordância com ela, de uma autêntica ordenação de cada uma das coisas dentro de uma estrutura hierárquica, de uma relação de reciprocidade entre as coisas.
A vontade de domínio sobre a natureza tende para a alteração do estado existente, enquanto que a harmonia com a natureza cria um contentamento, relativamente à circunstância.
No quadro que lhe é apresentado, o homem aparece como protetor da ordem natural, sendo que essa afirmação é primeiramente válida para o governante, em contraste ao povo, que é governado, seguindo uma série de prescrições que servem para a manutenção da “ordem natural”.
É a partir da experiência que essa crença na ordem natural se torna legítima. O camponês, expressão social da importância da agricultura para os chineses, era consciente da sua ligação com a natureza, buscando cooperar com ela, já que sua vida dependia das estações para regular a colheita. Não foi difícil, então, para esse pensamento evoluir e desembocar em outro: a atitude e o comportamento humano podem influir na ordem natural. Num sistema em que a ética e a moral eram a órbita, qualquer desvio podia resultar em catástrofes.
Nesse contexto, o Rei aparecia como protagonista, já que ele era encarado como o filho do céu responsável pela ordem do mundo. Do procedimento exato do rei no dia-a-dia e nos rituais dependia o curso regular das estações e, por conseqüência, das colheitas. Desse modo, a precisão na realização dos ritos e moralidade incontestável do rei permitia que a ordem natural fluísse, garantindo o bem-estar social.
Um código social hierárquico apontava a cada um o seu papel: se o rei, os servos e os ministros agissem de acordo com o que seu status lhes prescrevia, havia ordem, felicidade e bem-estar no mundo, o que estabelecia um contato direto e justo entre o mundo dos homens e dos deuses.
Mas, como em todas as sociedades, o decurso do tempo alterou a estrutura social da China tradicional. Os vassalos atribuíam-se direitos que competiam a seus suseranos, enquanto o governante via-se sem o poder de fato. O sistema de heranças e a compra de terras por camponeses, somados ao empobrecimento da nobreza, deu origem a novos grupos sociais: a nobreza pobre e os possuidores de terras não-nobres.
Nesse contexto se gera a ética consciente: a reflexão sobre a atitude em relação aos demais, que já não é compreensível por si mesma. Mas, apesar disso, essa ética continua dirigida à prosperidade do estado e não do indivíduo e não é suprimida a referência à ordem natural.
Esse pensamento ético é representado por membros da classe nobre empobrecida que procuravam uma situação palaciana. Confúcio aparece como o primeiro grande nome concreto dessa nova ordem.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Charge antiga, mas de bom gosto.

L'Amour

Nosso Líder Mundial

E o nosso acordo com o Irã?


Já que um ataque às instalações nucleares iranianas parece arriscada e sem chances claras de ser efetiva, os EUA parecem estar "melando" o nosso acordo para que se prejudique a terra dos Aiatolás do jeito que parece possível. Os esforços de negociação de Washington com o Irã não deram em nada. Os israelenses, amiguinhos-puxa-saco dos EUA, já haviam falado em ataque, mas nada foi feito. Parece que a ótica humanitária começou a ser importante por lá (pulinhos e gritinhos eufóricos).

Depois de me deparar com uma matéria no britânico "The Economist" cujo título é "Brazil, Turkey and Iran: Not just any deal will do - have Brazil and Turkey helped solve a brewing nuclear crisis, or made it worse?", começo a ficar preocupado com a percepção que o "Primeiro-Mundo" tem do cenário em que estamos vivendo.

Lendo a reportagem-da-ilha, tive a impressão de que o Brasil e Turquia fossem grandes irresponsáveis. Segundo o jornal, o acordo de não-proliferação seria um triunfo apenas para Ahmadinejad, pois este estaria abusando dos esforços brasileiro e turco para se livrar de repressões da comunidade internacional e, depois, não cumpriria o "vago" acordo. Bom, pelo jeito, se cumpriria ou não, nunca poderemos descobrir. Sancionar parece mais eficiente (será?).

Achar que o Conselho de Segurança das Nações Unidas seja capaz de lidar com a situação é muita ingenuidade. O Órgão está tão defasado quanto saudar com um "Hei, Hitler". O mundo em que o CS foi criado está mais do que enterrado e seu funcionamento é tão contraditório que suas decisões acabam se esvaziando. O Irã deve ser condenado por infinitos motivos, não o estou defendendo, mas também deve ser Israel, China e muitos outros. O Brasil, desprovido de qualquer poder no órgão, jamais seria capaz de evitar as ações levadas à cabo pelos membros permanentes.

Depois, levar em consideração a opinião dos EUA é uma bela estupidez, pois Washington não quer saber a opinião de ninguém quando decide agir por conta própria: manipulam o CS e se nada consegue, age unilateralmente (preciso lembrar do caso Iraque?). Os norte-americanos estão tão desmoralizados que não servem mais nem de interlocutores de um acordo "vago". Daí achar que "se eu não posso, ninguém pode" é muita audácia. O Brasil fez certo e está mostrando sua cara (ufa, depois de uma era de política externa congelada, achei que fossemos morrer na geladeira).

De qualquer maneira, não acho que o Brasil deva se envergonhar do seu esforço ou abrir mão dele. A represália ao acordo me parece mais um recado: "Ei, tupiniquim, você não vai brincar de player internacional não", o que torna a situação ainda mais embaraçosa para os EUA.


Reportagem do The Economist: http://www.economist.com/world/international/displaystory.cfm?story_id=16167540&fsrc=scn/tw/te/rss/pe



Laicismo

Ser Professor

Muito lindo! e que fofa, transmite alegria!

Assistam!

Defesa Nacional

terça-feira, 25 de maio de 2010

Amorim - Água na Lua


Genial!

Perdão - Jacques Derrida


One can only forgive what is unforgivable. If one forgives what is easily forgiven, one doesn't really forgive. One must do the impossible!
Reconciliation and Forgiveness aren't the same thing. A forgiveness that is demanded or accorded to make possible the reconciliation isn't forgiveness. If we forgive to change some situation (restore peace, for exemple) it isn't pure forgiveness. It is political calculation.

Alguém só pode perdoar o imperdoável. Se alguém perdoa o que é facilmente perdoável, esse alguém não perdoou verdadeiramente. É preciso fazer o impossível!
Reconciliação e Perdão são coisas distintas. Um perdão forçado ou demandado, afim de que a reconciliação seja possível, não é perdão. Se nós perdoamos para mudar alguma situação (estabelecer a paz, por exemplo), não temos o perdão puro, mas uma manobra política.

Derrida: filósofo francês, pai da desconstrução.

Liberdade de Expressão?

Livro - "A Menina que Roubava Livros"


O autor, Markus Zusak, não podia ter feito melhor. O livro é lindo; super bem construído. O enredo é gostoso e, ao mesmo tempo, nos faz refletir sobre um passado assustador e nos deliciar com a mente ingênua de uma criança. Adorei e recomendo!

Redução da Maioridade Penal? - What the Fuck?


Ontem eu estava dando uma passeada pela "blogosfera" e encontrei alguns debates interessantes sobre a Redução da Maioridade Penal e Responsabilização de Menores Infratores. Decidi me pronunciar sobre o assunto.

Toda vez que a mídia vincula uma notícia de crimes brutais cometidos por menores, o debate sobre a redução da maioridade penal retoma a cena. As discussões mais recentes parecem girar em torno de dois casos: 1) João Hélio; 2) Jordan Brown.

Todos estamos familiarizados com os casos, mas vou resumi-los. O pobre João Hélio estava com a mãe quando o carro dela foi roubado. Ele tentou escapar do carro, mas ficou preso pelo cinto de segurança. Os bandidos dispararam com o carro e o menino, que estava preso, foi arrastado por cerca de 7 km. Dos três assaltantes-assassinos, dois eram menores de idade.

O caso de Jordan Brown é ainda mais assustador, pois o menino de 11 anos matou a namorada grávida do pai com um tiro na nuca enquanto ela dormia. Depois disso, o menino guardou a arma que o pai havia lhe dado de presente (o que passa na cabeça de um pai ao dar uma arma para uma criança de 11 anos?), tomou o ônibus para a escola e agiu como se nada houvesse acontecido. O pai parece não acreditar que o filho tenha sido capaz de cometer o crime e está fazendo de tudo para que a criança não seja julgada como adulto. Pessoas nos EUA defendem a prisão perpétua como punição.

A questão central do debate é: o que fazer quando uma criança comete um crime? No Brasil, o código penal nos diz que somente após completar 18 anos é que uma pessoa pode ser julgada como um adulto. Menores infratores recebem penas mais leves. O problema é que crianças e adolescentes não estão envolvidos apenas em pequenos delitos (roubo de uma bolsa, por exemplo), mas também, e cada vez mais, em crimes hediondos (como tortura e assassinato). E a situação se torna ainda pior quando esses crimes despertam a comoção popular, pois quando isso acontece, as pessoas tendem a se apropriar da situação como se elas fossem parte dela.

Aqueles que defendem a redução penal acreditam que o Estatuto da Criança e do Adolescente é demais tolerante, protegendo os menores de uma punição "justa" para os crimes que comentem. Argumentam ainda que maiores de idade se valem de menores para perpetuar ações criminosas, já que esses sofrem punições mais leves e menos duradouras. Entretanto, o argumento central seria de que a lei eleitoral considera 16 anos como maioridade e, se com 16 anos somos capazes de votar, por que não podemos ser responsabilizados pelas nossas ações com essa mesma idade?

Aqueles que são contra a redução da maioridade penal acreditam que a mudança na legislação não traria os efeitos esperados, como a redução da violência, por exemplo. Mas, pelo contrário, criaria mais exclusão social. Alternativamente, eles propõem melhoras no sistema de proteção às crianças e maiores investimentos em educação.

Eu acredito que devemos ser extremamente cuidadosos quando estamos tratando de infância e juventude. Colocar uma criança ou um adolescente na prisão, impondo-lhes punições pesadas e eventualmente roubando-lhes a possibilidade de se tornarem grandes cidadãos, é também um crime. Talvez essa seria a resposta mais fácil para o problema, mas certamente não é a mais eficaz. Nós não podemos culpar essas crianças e nos eximir de parte da culpa, pois também nós contribuímos para que esses crimes aconteçam quando não fazemos nada para que o sistema social em que vivemos se torne menos excludente. Por que devemos esperar que essas crianças cometam crimes para entender que algo precisa ser feito? Toda criança precisa de atenção e carinho para que cresça um cidadão. Colocá-la em uma prisão certamente não irá contribuir nesse crescimento. A menos que declaremos que essas crianças sejam "um caso perdido" e desistamos delas, é preciso repensar o modo como encaramos e tratamos nossa juventude.

A verdade é que somos uma sociedade de medo e individualismo. Quando curarmos essas doenças, nenhuma criança deverá matar ou roubar por quaisquer motivos.

Música do Dia - Laura no Esta

http://www.youtube.com/watch?v=dod0qInXTF0&feature=player_embedded

O moço é italiano, mas como cantar em espanhol na Itália é luxo, a música é em espanhol (a versão italiana não é tão legal).

Escutem!

Escalada de tensão entre as Coréias - me poupe!


O líder-louco da Coréia do Norte, Kim Jong-Il, colocou seu exército-mais-louco-ainda em estado de alerta depois de uma escala de tensão entre as irmãs peninsulares desde o naufrágio de um navio sul-coreano.

O governo da Coréia do Sul estaria investigando a informação de que os norte-coreanos estariam prontos para a guerra. Segundo o governo sulista, o partido único norte-coreano em governo estaria incentivando manifestações públicas com o seguinte slogan: "Vingança por vingança, guerra por guerra".

Seoul já havia pedido sanções da ONU contra a Coréia do Norte e, enquanto isso, declarou uma verdadeira guerra comercial contra Pyongyang. Se tratam de punições econômicas que custarão cerca de 200 milhões de dólares à Coréia do Norte, segundo um especialista sul-coreano de nome impronunciável.

O presidente norte-americano, Barack Decepção Obama, já se pronunciou pedindo que Pyongyang colocasse um fim ao "comportamento beligerante" e que os exércitos yankees se coordenassem com os de Seoul para garantir a segurança da região.

Apesar dos norte-coreanos terem apelado para o até então não posicionado governo chinês, não parece aceitável que a China se envolverá nesse caos para defender o governo de Kim Jong-Il.

Alguém diz pra esse homem que autoritarismo tá fora de moda?

Fonte: La Stampa

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Música do dia - "Au Soleil"

http://www.youtube.com/watch?v=VQIB4hpaNos

Música Francesa animadinha. Eu gostei!

A cantora está entre as melhores da França. Vale a pena!