sexta-feira, 4 de junho de 2010

Rota da Seda (2) - Jade e Seda

O mais antigo dos produtos a circular entre as cidades-oásis da Ásia Central e a China era a jade. Apesar de ser a mais ancestral das mercadorias, a jade não alcançava longas distâncias, ao contrário da Seda que chegava até a Europa, um dos motivos pelo qual se cunhou o nome “rota da seda” e não “rota da jade”.
O fato é que a circulação da jade perdeu força e expressividade com o desenvolvimento das técnicas metalúrgicas, pois o metal a substituía com maior propriedade. Na China, entretanto, ela continuou como um material importante e, com passar do tempo, adquiriu grande significado simbólico. Confúcio enxergou nela um paradigma para as virtudes humanas que mais admirava: “O homem evoluído encontra as mais desejáveis qualidades na jade. Macia, suave e brilhante, como a benevolência; fina, compacta e forte, como a sabedoria; angular, mas não afiada e nem cortante, como a justiça (...)”.
A seda, por sua vez, era produzida na China e levada até a Europa, marcadamente a mais lucrativa mercadoria levada ao longo da Rota da Seda: era o tesouro do império chinês, pois em nenhum outro lugar do mundo era possível produzi-la.
De acordo com a lenda chinesa, a criação da seda é mérito de Xi Ling, a mulher do legendário Imperador Amarelo (2698-2598 a.C.). A partir da dinastia Han, que investiu enormemente na diversificação das técnicas de produção, a seda adquiriu novas cores, ornamentos e detalhes. Estava mais colorida e algumas representavam paisagens e pessoas.
O comércio dessa mercadoria parece ter alcançado o Mediterrâneo pela primeira vez no segundo século a.C. e foi a primeira commodity a ser exportada do Oriente para o Ocidente. O conhecimento romano sobre a origem da seda era nebuloso: o termo utilizado para os chineses, que a produziam, era ‘o povo da seda’, mas era geralmente aplicado a todos os habitantes a leste da Pérsia.
Em Roma, assim como na Grécia, alguns filósofos associavam a seda ao hedonismo: misto de prazer e decadência, muitas vezes usada como estratagema diante de um adultério. Acreditava-se que as roupas feitas desse tecido tornavam-se excessivamente sensuais e provocava o apetite sexual. Alguns a chamavam de ‘tecido transparente’. De qualquer forma, a beleza, a qualidade e a representatividade econômica manteve a seda muito popular, todos queriam tê-la, tanto que o seu preço estava listado no Edito de Diocleciano (301 d.C.), uma tentativa de controlar a inflação e fixar preços máximos.

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