terça-feira, 29 de junho de 2010

O Perdão Cristão (2)



"Certo dia, Jesus estava ensinando. Estavam aí, sentados, fariseus e doutores da Lei, vindos de todos os povoados da Galiléia, da Judéia e até de Jerusalém. E o poder do Senhor estava em Jesus, fazendo-o realizar curas. Chegaram, então, algumas pessoas levando, numa cama, um homem que estava paralítico; tentavam introduzi-lo e colocá-lo diante de Jesus. Mas, por causa da multidão, não conseguiam introduzi-lo. Subiram então ao terraço e, através das telhas, desceram o homem com a cama, no meio, diante de Jesus. Vendo a fé que eles tinham, Jesus disse: "Homem, seus pecados estão perdoados".
Os doutores da Lei e os fariseus começaram a pensar: "Quem é esse, que está falando blasfêmias? Ninguém pode perdoar pecados, porque só Deus tem poder para isso!" Mas Jesus percebeu o que eles estavam pensando. Tomou então a palavra, e disse: "Por que vocês pensam assim? O que é mais fácil? Dizer: 'seus pecados estão perdoados'. Ou dizer: 'Levante-se e ande'? Pois bem: para vocês ficarem sabendo que o Filho do Homem tem poder para perdoar pecados, - disse Jesus ao paralítico - eu ordeno a você: Levante-se, pegue a sua cama, e volte para casa." No mesmo instante, o homem se levantou diante deles, pegou a cama onde estava deitado, e foi para casa, louvando a Deus. Todos ficaram admirados, e louvavam a Deus". (Lucas 5, 17-26)

Jesus foi, inegavelmente e antes de qualquer outra coisa, um grande reformador social. O seu novo conceito de perdão é, sem dúvida, um grande passo em direção ao senso de perdão verdadeiro. Antes dele o perdão era um poder divino, exclusivo de Deus: só Ele poderia perdoar as faltas humanas. O perdão ensinado por Jesus humaniza o poder de perdoar, ou seja, transfere parte desse poder divino também aos homens. Desse modo, não é verdade que somente Deus possa perdoar; mais do que isso, os ensinamentos de Jesus chega a des-protagonizar o papel de Deus na relação entre os homens. O perdoar humano não seria uma atitude de Deus manifestada através dos homens, mas verdadeiramente o exercício do livre arbítrio: perdoar ou não é uma questão individual.
Apesar desse avanço, e como já disse antes, o conceito de perdão contido nos evangelhos ainda é limitado. Pois se o perdão cristão deve ser mobilizado pelos homens entre si, só o é na esperança de ser perdoado ou recompensado por Deus no dia do juízo final.
Se Deus recompensa ou perdoa os pecadores, o perdão deixa de ser um fim em si mesmo, tornando-se uma obrigação forçada pelo medo ou pelo interesse.

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